Ericeira
Uma imensa janela para o Mar
Dominada a Sul pela Serra de Sintra, a Ericeira tem a seus pés quatro praias banhadas pelo Atlântico. Esta privilegiada localização leva a que a vila receba milhares de veraneantes, à procura do Sol, das praias, da imensa beleza paisagística.
Reza a lenda que o nome Ericeira significa, na origem, “terra de ouriços”, devido aos numerosos ouriços do mar que abundavam nas suas praias. No entanto, investigações mais recentes apontam o ouriço caixeiro e não o do mar como inspirador do nome. Com a descoberta de um exemplar do antigo brasão da Vila, hoje no Arquivo-Museu da Misericórdia, confirmou-se que o animal ali desenhado é, de facto, um ouriço caixeiro, espécie que evoca a deusa fenícia Astarte. O que dá razão à tese anteriormente avançada por Manuel Gandra, segundo a qual a origem do povo da Ericeira remonta aos fenícios.
A história da Ericeira remonta, assim, a cerca de 1000 a.C. O seu primeiro foral data de 1229, concedido pelo então Grão-Mestre da Ordem de Aviz, Dom Frei Fernão Rodrigues Monteiro, que assim instituiu o Concelho da Ericeira.
É na carta de foral que surgem as primeiras referências aos pescadores da Ericeira, estando bem presente o cuidado do legislador em acautelar os direitos e deveres dos que se encontravam sujeitos às tutelas dos donatários:”(…) Quanto aos pescadores, dêem a vigésima parte do pescado que matarem no mar. De doze peixes, levem um para conduto antes de darem a vigésima parte, e se matarem congro, comam-no.
Do pescado que encontrarem morto, não paguem foro. De baleia, dêem a vigésima parte. De toninhas e delfins sem impedimento, em ocasiões de fome (…)”.
No século XIII, a baleia, toninha e delfim eram as espécies mais pescadas, tendo dado lugar, já no século XVI, à raia, ao rodovalho e à pescada.
Em 1547, D. João III concede aos pescadores ericeirences a permissão de venderem o peixe “a olho” e não “a peso”, costume que ainda há 30 anos se mantinha.